A
nova marca Décolleté promete dar que falar. Tudo começou quando Ana Ventura e
Margarida Gonçalves se conheceram e trabalharam juntas numa agência de
publicidade.
A
Ana tinha o sonho de ser designer de moda, mas acabou por tirar o Curso de
Tecnologia e Artes Gráficas e, durante mais de uma década, foi diretora
criativa, desenvolvendo várias campanhas de comunicação para marcas de renome.
Mas o “bichinho” dos acessórios levou-a a criar peças, que vendia a conhecidos
e amigos. Mais tarde, criou uma página de facebook
e lançou a Chic&Kitsh e a Vice-Versa. E foi assim, que a sua
paixão começou a ganhar balanço e a ter coragem para apostar na criação de
novos acessórios.
A
Margarida começou por ser cliente da Ana, mas não resistiu a fazer
experiências e a criar colares e
pulseiras para si. Após frequentar um workshop
decidiu arriscar e criar a sua marca Be
With Me. Mais tarde, foi convidada para participar no projeto dos Museus
de Portugal, desenvolvendo peças originais para um total de 30 museus. Desta
encomenda, nasceu a primeira parceria entre as duas criadoras.
Mas foi com a marca Décolleté, que a Ana e a Margarida deram asas à sua imaginação e
decidiram lançar uma linha de acessórios, que representasse a sua identidade
criativa. Décolleté tem origem no francês - decote - e é um
elemento que ata, emoldura e adorna tal como um corpete ou um vestido. Neste
caso as suas peças vestem o (para)peito da personalidade com um cunho de
exclusividade.
É curioso observar que quando falam do seu novo projeto, a Ana e a Margarida
revivem o seu sonho de crianças. Partilham as experiências que faziam desde pequenas e o quanto esse desejo as acompanhou, mesmo durante o seu percurso profissional. E referem as dificuldades de quem decide criar
uma marca. Mas é com orgulho que afirmam que todas as peças são feitas por si e
que o objetivo é criar coleções de edição limitada e com a sua assinatura.
Fiquem a conhecer mais sobre o percurso, inspiração, motivações e estilo
das duas designers, nesta entrevista exclusiva para o In Styleland. E preparem os vossos decotes para a nova linha da marca, que vou dar a conhecer muito em breve.
Margarida Gonçalves e Ana Ventura |
Foto: Luís Mileu
Falem-nos sobre o vosso percurso?
Margarida: Trabalhei
na área da comunicação durante muitos anos. Fui Diretora de Contas na área de
Design de Comunicação, em agências de publicidade, onde conheci a Ana Ventura, que
na altura era Diretora Criativa. E a ligação com a Ana manteve-se até hoje.
Aliás, comecei por ser cliente dos seus acessórios. Mas a paixão pela moda e os
acessórios, assim como a vontade de criar peças à minha medida fez com que
também começasse a fazer experiências nessa área. Lembro-me de comprar colares
e de os transformar em pulseiras. Mais tarde, fiz um workshop e em 2009 lancei a minha marca Be With Me.
Ana: No meu caso,
lembro-me de em criança me sentar à máquina de costura a fazer roupa, pois
sempre gostei de moda. Cheguei mesmo a pensar seguir Design de Moda, pois sempre
tive essa tendência, mas acabei por fazer o curso de Tecnologia e Artes
Gráficas. Recordo-me de ter comprado um cinto e de o ter desmanchado para fazer
vários colares. Acima de tudo, a área dos acessórios surgiu da necessidade de
ser mais livre a nível criativo, sem as habituais exigências dos clientes na
área da publicidade. Por isso, criei as marcas Chic & Kitsh e Vice-Versa
para dar largas à minha imaginação.
Como nasceu
a marca Décolleté?
Ana: Em Março de 2013, a Margarida convidou-me para
participar num projeto para os Museus de Portugal, em que desenvolvemos linhas
de acessórios, que estejam ligadas com o universo museológico ou obras de arte,
para um total de 30 museus. Foi um desafio aliciante poder começar a trabalhar
em parceria com a Margarida. Aliás, foi um percurso natural até ao nascimento
da Décolleté, em Julho de 2013,
altura em que surgiram novas oportunidades para aproveitar as sinergias das
duas marcas. Eu e a Margarida complementamo-nos, tendo em conta a minha
vertente de designer e a sua
experiência na área comercial.
Margarida: O
passo seguinte foi criar uma identidade própria e o futuro da marca passa por
criar coleções temáticas mais limitadas e exclusivas. Todos os dias
experimentamos e testamos novas formas de trabalho.
Ana: A Décolleté é uma marca sofisticada,
contemporânea e inovadora. Todas as peças são feitas à mão por nós e ainda
temos de dividir o tempo entre as compras, a elaboração de peças, a sua comercialização
e dar resposta aos e-mails e mensagens que recebemos. A nossa união reúne o
melhor dos dois mundos, pois temos estilos muito semelhantes.
Qual é a
fonte de inspiração das coleções? Qual é o processo de desenvolvimento?
Ana: A fonte de inspiração é
basicamente tudo o que nos rodeia. As imagens que vemos na internet, um vídeo, uma imagem, um material, uma revista ou as
coleções das grandes marcas. Ao nível dos materiais, gosto do dourado, das flores,
das combinações de preto e branco, de pulseiras de pele, mas também dos motivos
tropicais, da selva, da fauna e da flora. Gosto de fazer coisas que use e com
as quais me identifique. Para nós, o colar é o mais importante no visual e os
acessórios estão a ganhar espaço e têm muito impacto num look.
Margarida: Não fazemos conjuntos de
colar, pulseira e anel, porque preferimos peças que funcionem entre si, pois
cada uma tem uma “voz” própria. Os
acessórios devem servir como um complemento ao nosso outfit e podem ou não estar em absoltuo matching entre eles. No meu caso, por exemplo, não gosto de usar
demasiadas cores e padrões num coordenado, mas os acessórios devem fazer uma
boa ligação cromática ou de texturas ou até mesmo serem um apontamento de contraste.
Ana: As peças têm de estar em harmonia
e não fazer pendant. Gosto, por
exemplo, de misturar riscas com padrão animal, mas também gosto de color block.
Como
definem a Décolleté e o que vos
distingue? Que
tipo de materiais privilegiam?
Ana: Na Décoletté desenvolvemos edições exclusivas e limitadas de cada peça
e estas são feitas à mão por nós, pois somos apenas uma equipa de duas pessoas.
No caso das coleções para os museus, estas são exclusivas e em função das
necessidades do momento.
Margarida: Há sempre novidades, porque
gostamos de criar, o que inibe a repetição das peças.
Que linhas de acessórios têm? Está prevista alguma nova linha da marca?
Ana: Neste momento, desenvolvemos colares, pulseiras e clutches (marca Vice-Versa), mas já pensámos em desenvolver uma linha para crianças, a Petit Décolleté.
Ana: Neste momento, desenvolvemos colares, pulseiras e clutches (marca Vice-Versa), mas já pensámos em desenvolver uma linha para crianças, a Petit Décolleté.
Uma cliente pode pedir-vos um colar ou mala feita à medida e escolher as cores e os materiais?
Ana: Sim, mas acima de tudo é importante compreender que somos criadoras e não modistas. Ou seja, desenvolvemos peças à medida com as diretrizes das clientes, mas a peça tem de ser nossa para não desvirtuar o conceito da marca.
Margarida: Procuramos ter um briefing da cliente, mas a peça a desenvolver não deve desvirtuar o espírito da Décolleté, pois somos as criativas da marca.
Onde
podem ser adquiridas as peças?
Ana: Neste momento, comercializamos as peças através da nossa página no Facebook, mas no futuro pretendemos ter um showroom.
Quais
as publicações, sites ou blogues que habitualmente acompanham e que são uma
referência para o vosso trabalho?
Ana: Acompanhamos atentamente as redes
sociais Pinterest e Instagram, pois
têm sempre uma grande diversidade de imagens, que servem de inspiração. Para
além de acompanharmos de perto o que os grandes criadores de tendências ditam
para cada estação, também mantemo-nos fiéis a alguns blogues, dos quais destacamos o Fashion Gone Rogue, The
Coveteur, The Man Repeller, entre outros.
Margarida:
Além disso, acompanhamos as páginas das grandes marcas, como é o caso da Chanel, Marc Jacobs, Hermés, Louis Vuitton, Prada,
Michael Kors, Dinh Van, entre muitas outras. Gostamos de sapatos, de carteiras e de acessórios.
Gosto de ver as cores e inspirar-me nas criações das grandes marcas, sobretudo
as mais sofisticadas.
O que
acham do estilo das mulheres portuguesas? Consideram que ainda são conservadoras
em relação aos acessórios ou já estão mais receptivas a peças mais extravagantes?
Margarida: Acho que já houve uma grande evolução das mulheres
portuguesas, pois hoje em dia já se tem acesso a todo o tipo de acessórios e é
fácil encomendar peças que não estão à venda em Portugal, através da internet. Além disso, as revistas e os
blogues também são uma boa fonte de inspiração para muitas mulheres.
Quais
os erros de estilo mais frequentes, que costumam observar nas mulheres?
Margarida: As
mulheres estão cada vez mais preocupadas com a sua imagem, mas muitas vezes não
têm a noção do que lhes fica bem. Ou seja, não têm em conta o seu corpo ou
então colocam demasiadas peças e acessórios e o reultado às vezes é um pouco
despropositado. Mas penso que, genericamente, a mulher portuguesa está cada vez
mais bonita e o gosto e preocupação pela imagem estão na sua lista de
prioridades.
Ana: Fazer pendant, com tudo a combinar, ou então serem demasiado exuberantes.
Por exemplo, se a base for simples pode usar um colar diferente e mais
chamativo.
Quais
as personalidades que mais admiram e quais são as vossas referências de estilo?
Ana: Gosto imenso do estilo da Miroslava
Duma, antiga editora russa da Harper’s Bazaar, porque é criativa e consegue
conjugar peças de forma harmoniosa. A marca Marni também tem acessórios muito interessantes.
Margarida: Gosto do estilo da Olívia
Palermo, assim como da bloguista australiana Tuula e da italiana Chiara Ferragni
(Blond Salad).
O que
é para vocês ter estilo?
Ana: Uma pessoa que não segue as
tendências tal como são apresentadas, mas que consegue interpretar as peças e
as sabe combinar, e lhes dá o seu cunho pessoal. Pode até ser uma pessoa muito
simples. Acima de tudo, é uma atitude, uma forma de estar na vida.
Margarida: Uma
pessoa que gosta da sua imagem, sente-se confortável e joga com o que tem
disponível. Alguém que sabe adaptar as tendências à sua imagem e ao seu corpo.
Mas também sabe ser contemporânea. O estilo está intimamante ligado com a
personalidade e a imagem que se pretende transmitir, sem seguir demasiado as
tendências e sem despersonalizar-se. O estilo tem de ser o reflexo da nossa
personalidade e ter um cunho pessoal.
Como
definem o vosso estilo pessoal?
Ana: Gosto de muitos estilos, depende
dos dias. Habitualmente, misturo vários estilos, embora o meu seja mais urbano,
mas gosto de acessórios étnicos e de um toque de sofisticação.
Margarida: O meu estilo é mais urbano e clássico. Gosto de peças
clássicas com materiais de boa qualidade e de alguma sofisticação, mas também
gosto de um estilo mais casual chic.
Para o dia a dia, uso habitualmente uns jeans
e uma camisa, que complemento com acessórios e uma boa carteira. Gosto de
marcas como Michael Kors, Hermés e, claro,
da Chanel!
Décolleté
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E-mail: decollete.store@gmail.com